Parentalidade Regenerativa
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Nossos filhos são as sementes de um mundo novo, vivo e coletivo. Sob a ótica da cultura regenerativa, podemos cuidar, nutrir e educar nossas crianças e adolescentes para que sejam, eles próprios, os agentes da regeneração que o planeta e a sociedade precisam em todas as frentes.
Regenerative Parenting é mais do que um novo termo no emaranhado de tendências e hashtags da nossa vasta rede. Ainda que o conceito não esteja plenamente difundido, é fácil compreendê-lo se pensarmos em uma atuação parental que engloba práticas mais conhecidas como a parentalidade positiva e a comunicação não-violenta.
Por exemplo, chegamos ainda mais perto do centro da questão: esses povos, intimamente ligados à natureza e à comunidade, reservam às suas crianças um olhar atento ao potencial transformador e à importância da atuação delas para além do ambiente doméstico.
Precisamos também achar a melhor medida para uma parentalidade plena e natural, menos idealizada e carregada de missões que muitas vezes levam pais e mães à exaustão.
As ferramentas mais eficientes da regeneração e muitas das lições mais importantes que podemos transmitir às crianças estão no quintal, na praça, no encanto promovido pelo vento, o céu, a terra ou o mar.
É no contato físico com os elementos naturais que se estabelece a relação de empatia com a Terra, a dimensão de pertencimento a um todo maior. E é também exaltando a potência desses elementos e fenômenos que podemos inspirar nas crianças uma conexão divina entre nós, humanos, e os outros seres e forças naturais.
Num tempo não muito distante, pais e mães contavam com avós, tios e vizinhos na criação de seus filhos. Essa rede de apoio era fundamental para o fortalecimento das relações familiares e das comunidades, e criava um sistema colaborativo bastante eficiente para todos, incluindo as próprias crianças.
"É muito importante para o desenvolvimento emocional de uma criança que ela se sinta amada por outros, de outras formas", diz Lucia Rosenberg, psicoterapeuta.
Nas sociedades mais tradicionais, avôs e avós sempre foram co-criadores, além de servirem como guardiães da memória, da ancestralidade e de valores como hierarquia e respeito.
Conhecer o passado, as raízes e os percursos que nos trouxeram até aqui é essencial para a construção da identidade e também para dimensionar nosso papel social no núcleo familiar e na comunidade que nos molda.
Pela perspectiva da parentalidade positiva, está descartada a lógica de uma autoridade que se impõe de cima para baixo, com punição para a criança que não responde aos comandos dos adultos.
Buscar a descentralização da autoridade é ainda mais disruptivo: quando entendemos que existem muitos saberes e poderes além daqueles que conhecemos dentro de casa, nos abrimos para respeitar não apenas pais e mães, mas pessoas, seres vivos e contextos diferentes dos nossos de origem.
Quando entendem de forma tranquila as diversas leis e autoridades que governam o mundo, as crianças aprendem mais do que respeitar limites estabelecidos externamente: aprendem a identificar os próprios limites e começam a expandir a autonomia, a percepção de perigos, o amadurecimento das competências e reconhecimento dos seus potenciais.
Há muito amor no mundo além daquele que conecta pais, mães e filhos. Os afetos entre irmãos, tios, primos, avós, amigos, vizinhos, cuidadores, professores e outras crianças geram uma cadeia riquíssima de repertório afetivo.
Quando oferecem e recebem amor nas suas mais variadas formas, os pequenos cidadãos das gerações futuras são capazes de dar novos significados ao verbo, praticando um tipo de amor que não está atrelado a recompensas ou remorsos.